Lamar Smith, que encabeça os propositores da Lei de Combate à Pirataria Online (SOPA), cujo teor cobrimos extensivamente nos últimos dias, acaba de dar mais motivos para que os opositores da proposta se enfureçam. Em declaração recente (veja mais aqui, em inglês), o político americano defendeu que a crítica ao SOPA é completamente infundada, e que as comunidades online que fazem oposição à lei são ilegítimas (sic).
Nas palavras dele próprio, em tradução livre nossa:
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O criticismo com relação a essa lei é completamente hipotético; nada disso é baseado na realidade. Nenhuma das críticas foi capaz de apontar a aspectos da lei que pudessem causar qualquer dano à Internet. Suas acusações simplesmente não são suportadas por quaisquer fatos.
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Não bastasse solenemente desconsiderar a argumentação de oposição – sem refutá-la -, Smith desqualifica as próprias pessoas, o que mostra a claudicante consistência argumentativa do político texano:
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É uma minoria vocal. Só porque eles fazem barulho não quer dizer que sejam legítimos ou numerosos. Eles precisam ler a letra [da lei]. Mostre-me a letra. Não há nada que eles apontem na lei que faça o que eles acham que faz. Acredito que o temor deles seja infundado.
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A aparente segurança com que Smith diz que tudo está bem não é compartilhada por verdadeiros especialistas na área. Um exemplo são os 83 pioneiros da Internet – pessoas como Vint Cerf (co-projetista do protocolo TCP/IP) e Leonard Kleinrock (um dos principais desenvolvedores do ARPANET, precursos da Internet como a conhecemos), só para citar alguns -, que publicaram uma carta aberta ao congresso americano expressando forte oposição ao SOPA e ao PIPA. Smith também precisa lidar com as centenas de empresas que fazem oposição pública ao projeto de lei, incluindo gigantes como o Google, Facebook, AOL, eBay, Fundação Mozilla, PayPal, Wikipedia, Twitter e outros.
Estão ainda na oposição 425 investidores e empreendedores, a equipe editorial do The New York Times e do Los Angeles Times, dezenas de ONGs e 116 acadêmicos e especialistas em direito das principais universidades americanas. Só o humor texano para entender por quê Smith chamou a crítica ao SOPA de ilegítima.
Mais: some-se à lista de opositores os eleitores, que enviaram até agora centenas de milhares de cartas ao Congresso e fizeram mais de 90 mil ligações em um mesmo dia para seus representantes – em todas as comunicações, o pedido é o mesmo: denunciem o SOPA e impeçam sua aprovação!
A declaração de Lamar Smith tende tanto ao absurdo e à carência argumentativa que só tende a provar o que já parece óbvio: além dele próprio e de uma meia-dúzia de amigos e corporações, ninguém mais quer o SOPA.
Saiba tudo sobre o SOPA!
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